domingo, 29 de maio de 2016

Pensando no Brasil (COLABORAÇÃO DE WANDERSON BOARETO)

  Como eu disse no nosso último texto, hoje teríamos uma surpresa no blog. E a surpresa é um texto escrito por meu amigo e mestre Wanderson Boareto. Wanderson é historiador, filósofo, teólogo e bacharel em direito. Uma pessoa inteligentíssima, com um senso crítico aguçado e de opiniões fortes. Fiquem agora com seu excelente texto, que sintetizou um pouco dos problemas políticos do Brasil. Boa leitura! 

  As mudanças políticas no Brasil estão chamando atenção de todos os públicos em todas as esferas de nossa sociedade. Todos os grupos sociais discutem coisas fantásticas como, por exemplo, o impeachment da presidente, tirá-la ou deixá-la. Nesse sentido é bom pensar se quem está analisando tem capacidade técnica para isso. Ou seria somente um achismo? Já que a opinião popular está por toda parte...

  O Brasil não está passando por mudanças políticas, e sim por transformações dos meios políticos, onde existe uma grande diferença. Para haver mudanças reais, as regras teriam que ser mudadas, os estatutos, as normas legais ou até mesmo os costumes sem infringir a CARTA MAGNA (Constituição Federal) que garante o Estado de Direito e a soberania de nossa pátria.
  
  Existe no Brasil uma mentalidade, ainda do tempo dos coronéis, onde os cargos de poder são vitalícios, um exemplo disso são políticos que se elegem durante décadas sem nunca ter tido um projeto de sua autoria votado ou aprovado. Os nomes destes ditos políticos são lembrados somente em períodos de eleições. Isso mostra como “as massas” estão se reproduzindo na articulação politica de nosso país. O velho Marx ensina que a “a democracia é a ditadura da maioria”. 

  Os projetos sociais de nosso país, na realidade, são medidas paliativas de controle da pobreza. Não são efetivas, já que em um sistema capitalista a garantia de melhorias reais na distribuição de renda, está ligada diretamente a criação e garantia de emprego com jornadas justas e salário digno para assim garantir a produção e reprodução das qualidades básicas de sobrevivência. Garantir assim poder de compra, acesso a educação e neste desdobramento segurança e saúde. Povo bem pago não tem que se vender por migalhas.

  Mudança de governo não quer dizer mudança de projeto Brasil. Como descreve Darcy Ribeiro em sua obra “Povo Brasileiro”, pensando neste sentido é bom lembrar que todo o povo tem o governo que merece, como nos ensina Aristóteles no século IV a.C. Sanchez Vásquez em sua obra “Ética” descreve bem a realidade moral de uma nação. O Brasil de 2016 ao meu entender não é uma nação, já que para ser uma nação seu povo teria que ter objetivos comuns, mas percebo que temos apenas objetivos individuais.

  Onde está o erro? Nos políticos? No Estado? Na Justiça?  Se existir algum culpado, é fácil de encontrar... basta olharmos no espelho. Cada ato imoral que cometo, no decorrer de minha vida, é uma afirmação que pertenço á corjas que destrói e mata o sagrado, o justo e o perfeito que vou dar o nome de Brasil.

4 comentários:

  1. Gostei da parte de melhorar o pagamento das pessoas, acho que é uma parte importante que é quase sempre ignorada, o salário mínimo é injusto, e a maioria dos
    salários são baixos e não é possível viver bem com eles. Isso é uma forma de exclusão e egoísmo, temos de mudar a mentalidade dos contratantes, mas não sei como fazer isso.

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    1. Olá Miguel. Concordo com você que o salário mínimo é injusto, porém o que gera isso é muitas vezes a própria política de salários mínimos. A maioria dos países desenvolvidos, que adotam governos liberais, não têm uma CLT como o Brasil tem. A saída é dar mais liberdade as pessoas, sem um estado babá que regula tudo e a todos. Se houver essa liberdade, o relacionamento funcionário-patrão será mais aberto ao diálogo, e consequentemente as condições de serviço melhores!

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  2. Excelente as colocações do autor! Com certeza, verdadeiras mudanças somente ocorreriam a partir do momento em que fosse implementada ampla e profunda reforma abrangendo as áreas eleitoral, política, econômica e educacional.

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    1. Obrigado pelo comentário Vicente, como sempre lúcido e inteligente!

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